Tristeza

Animais apresentam paralisia na Colônia Z-3

Ingestão acidental de cloreto de potássio pode ser a causa da falta de mobilidade de pelo menos 15 cães. Dois não resistiram

Carlos Queiroz -

Tutores de cães na Colônia de Pescadores Z-3, em Pelotas, enfrentam desde a última sexta-feira uma situação complicada, tanto em relação aos animais domésticos quanto aos comunitários, que vivem nas ruas e são cuidados pelos moradores. Cerca de 15 cachorros apresentaram paralisia dos membros a partir daquele dia, sem conseguir urinar ou se alimentar. Destes, pelo menos dois perderam a vida.

A protetora de animais Maira Fernandes está com um cão comunitário paralisado. Segundo relatou, Pirata começou a apresentar os sinais na sexta, piorando o quadro na terça, quando não conseguiu mais levantar. Ela chamou um veterinário, que disse que as características apresentadas eram de botulismo. “Os que são de rua, comem tudo que encontram pela frente. Mas quando os de dentro do pátio começaram a apresentar os mesmos sintomas, fiquei preocupada, pois não me parecia botulismo”, disse.

Foi quando Maira, bastante conhecida por seu trabalho, foi procurada por outras pessoas, pedindo ajuda porque seus cães estavam na mesma situação. “Num único dia fiquei sabendo que pelo menos outros dez animais haviam parado de caminhar. Resolvi chamar a vereadora Marisa Schwarzer (PSB), que também atua pela causa animal, para me ajudar”.

A parlamentar foi até o local, já na companhia de uma veterinária. “A doutora resolveu fazer a coleta de sangue de vários bichinhos. Segundo o resultado, no sangue de todos eles havia resquícios de cloreto de potássio”, contou Marisa, que já contatou a Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA). O que se sabe, até o momento, de acordo com relatos dos moradores, é que uma aeronave agrícola estava pulverizando uma área próxima à vila dos pescadores. “Sabemos que não foi intencional, mas com certeza, pelo vento que havia na sexta-feira, o produto pode ter se espalhado sobre alguns pratos de comida e também potes de água na comunidade, causando este problema de saúde aos animais”, apontou Maira.

Outro cão que foi afetado, bem próximo à casa da protetora, foi o Chorão, de Janice Rodrigues Souza, que está desolada com a situação do animal, integrante da família há mais de dez anos. Chorão não consegue se mexer e chora de dor. “Desde sábado passado ele se encontra nesse estado, quando abriu um griteiro e caiu paralisado. No domingo ele ficou tão mal que achei que ia morrer. Eu fiquei apavorada”, diz Janice. Mais tarde, em contato com Maira, ela soube que mais animais estavam na mesma condição. Janice conta que os cães do sobrinho, morador uma quadra adiante, também estão paralisados, assim como o de um vizinho, morador da esquina de sua casa. A protetora também foi chamada para atender um outro cão, abandonado para morrer, no mesmo estado. “Eu e meu marido fomos até o local, no meio da lama, o recolhemos e o levamos a uma clínica veterinária. Ele está em estado grave e não sabemos se vai sobreviver”. Os cães já estão sendo medicados.

Coleta de sangue
A médica veterinária Juliana Lemos, do laboratório Tomba Lata, foi até a Z-3 para colher sangue dos cães. “Foi coletado sangue de seis animais, com sintomas semelhantes de paralisia flácida e manutenção da consciência. De acordo com os achados laboratoriais, todos os pacientes apresentaram (entre outros resultados) potássio aumentado, GGT aumentado. Sendo assim, correlacionado com os sinais clínicos, sugere-se intoxicação por, possivelmente, cloreto de potássio”, diz.

Ainda segundo Juliana, o produto ingerido causa um quadro grave de perdas neuromusculares, condição que pode causar morte por parada cardiorrespiratória. No entanto, o quadro é reversível. O cloreto de potássio, conforme a veterinária, é um fertilizante utilizado comumente no cultivo de azevém.

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